São Paulo - A grande quantidade de imóveis disponíveis no mercado imobiliário brasileiro tem despertado o interesse de investidores estrangeiros em busca de "pechinchas".
Acostumadas a comprar barato em períodos de economia fraca para lucrar
quando o ciclo de retomada chegar, empresas como Blackstone, Exxpon e
Top Capital estão à caça de ativos "encalhados" - e exigem um desconto
mínimo de 30% para fechar negócio.
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O maior fundo imobiliário do mundo, o americano Blackstone, diz ter US$ 15,8 bilhões disponíveis para aquisições.
Nos últimos anos, a empresa investiu mais de US$ 1 bilhão no País -
entre os ativos, estão alguns que pertenciam à BR Properties. Segundo o
diretor global de investimentos da Blackstone, Kenneth Caplan, o apetite
do grupo continua forte.
"Ainda estamos no estágio inicial com nossos negócios imobiliários no
Brasil", diz o executivo, que participará da segunda edição do Summit
Imobiliário, evento promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo em
parceria com o Sindicato Habitação de São Paulo (Secovi-SP), no próximo
dia 12 de abril, em São Paulo.
Para Caplan, o momento conturbado é favorável. "O Brasil está
particularmente estressado por causa da baixa performance econômica e da
incerteza política. Essas situações tendem a criar boas oportunidades."
Para o sócio da firma de auditoria e consultoria Grant Thornton, Daniel
Maranhão, o interesse dos investidores, principalmente o estrangeiro, é
considerável e tende a crescer nos próximos meses.
"Tenho sido muito procurado. Tem muita conversa e alguns negócios já
estão em andamento. Mas eu acho que os próximos meses serão mais
importantes", ressalta.
O executivo aponta a desvalorização cambial e a deterioração do mercado
interno como os principais motivos para o interesse de fundos
internacionais.
"Tem muita gente esperando por uma clareza maior no cenário político e
econômico. O Brasil deve passar por uma reforma econômica e os ativos
podem ficar ainda mais baratos."
Entre os investidores que recentemente estiveram com Daniel Maranhão
está o sino-americano Tim Chen, da Top Capital, que há dois anos captou
um fundo de mais de US$ 1 bilhão com casas especializadas em
administração de fortunas (conhecidos como family offices) nos Estados
Unidos, China e países árabes, entre outros.
"Buscamos hotéis de alto luxo nas principais praças do País e hotéis
econômicos nas cidades secundárias e terciárias", conta Chen, que mira
empreendimentos com taxas de desconto de pelo menos 30%.
Mercado residencial
Já a gestora de recursos Exxpon, especializada em investimentos de alto risco, está atrás de descontos na casa de 60%.
"As maiores oportunidades hoje estão no segmento residencial, com o
elevado número de distratos (devoluções)", diz o americano Jonathan
Franklin. Os distratos em construtoras somaram 41% de janeiro a setembro
de 2015, segundo a agência de classificação de risco Fitch.
A Exxpon investe capital de três grupos americanos, dentre eles a Lamb
Partners, gestora da família do bilionário Neil Bluhm. Nos últimos
meses, a empresa desembolsou R$ 120 milhões em ativos imobiliários,
sobretudo residenciais.
"Estamos em 'due diligence' para outros R$ 500 milhões em lajes
corporativas, imóveis residenciais e comerciais", conta Evaldo Lima,
sócio da Exxpon.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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