HIGIENÓPOLIS
Higienópolis
É
um bairro nobre localizado na região central da cidade brasileira de São Paulo. Está situado em
uma das regiões mais altas da cidade, chamada de Espigão da Paulista.
Apresenta perfil residencial, caracterizado por uma população de rendas
média-alta e alta, sendo também conhecido pela presença
de relevantes instituições culturais.
A
região na qual se constitui é ocupada desde o século XVI, tendo seu desenvolvimento se dado paralelamente
àquele da própria cidade. O bairro se destaca pela presença de grande
quantidade de exemplares da arquitetura de tendências diversas. Sempre foi
endereço de expressivas famílias tradicionais da aristocracia paulista, de
maioria de origem portuguesa, passando a abrigar, nos dias de hoje, habitantes
de variadas origens, migrantes e imigrantes, inclusive judeus de diversas
nacionalidades provindos em sua maioria da Europa Central. Tendo ainda se tornado um dos bairros
preferidos por artistas em geral.
Limita-se
com os bairros de: Cerqueira César,
Pacaembu, Santa Cecília,
Vila Buarque e Perdizes.
A
região onde se situam os atuais bairros de Higienópolis, Pacaembu e Perdizes compreendia
a "Sesmaria do Pacaembu",
que era dividida em Pacaembu de Cima, do Meio e de Baixo. A extensa propriedade
rural pertencia à Companhia de Jesus. Seus
membros, os jesuítas, receberam-na no século XVI como resultado de uma doação feita pelo donatário Martim Afonso de Sousa.
Esses religiosos foram violentamente expulsos do Reino de Portugal e de suas colônias em 1760,
através da determinação de Marquês de Pombal e seus
bens foram confiscados e vendidos, dentre eles a sesmaria. E ali, com o passar dos anos, integrantes da
aristocracia paulistana construíam suas chácaras, propriedades urbano-rurais e
autossuficientes em água e subsistência.
Devido
ao crescimento da cidade, causado pelo êxodo rural e o Ciclo do café, essas moradias foram loteadas. As antigas
terras do Barão de Ramalho e do
Barão Wanderley, que juntas apresentavam 847.473 m², foram compradas em 1893
por Martinho Buchard e Victor Nothmann, capitalistas alemães. Os dois
empreendedores trouxeram da França o projeto e os materiais para a
construção do segundo loteamento planejado e de alto-padrão da cidade,
destinado especificamente para a elite paulistana. Chamado primeiramente de "Boulevard
Bouchard", o loteamento fora lançado em 1895.
Porém, futuramente receberia o nome de Higienópolis (cidade ou lugar de
higiene) devido às suas características, ressaltadas pela altitude do bairro,
que impedia o acúmulo de grandes enchentes, que poderia resultar em áreas de
fácil contaminação da Malária e pela publicidade, tais como o fornecimento de
água e esgoto, que na época eram existentes em poucos locais da cidade. Além
disso possuiria também iluminação à gás, arborização e seria atendido por
linhas de bondes, sendo considerado como o maior loteamento em extensão
territorial e em importância social e econômica.
Universidade
Presbiteriana Mackenzie, tem suas origens no Mackenzie College, construído em 1874.
Na
época a região já contava com o Colégio Mackenzie - Gymnasio Americano, que gerou o atual
campus paulistano da Universidade
Presbiteriana Mackenzie. Construído em 1874
no terreno de parte da antiga chácara de Dona Maria Antônia da Silva Ramos, e
que foi um empreendimento idealizado pelo Reverendo Chamberlain. Além do Hospital Samaritano de São
Paulo, edificado em 1892 pela firma Krugg&Filho, através de
doações diversas: de José Pereira Achau (por testamento), Victor Nothmann e
Burchard, dos presbiterianos do Instituto Mackenzie, família Lee e Dona Maria
Paes de Barros.
O
loteamento foi dividido em duas fases: Higienópolis 1 e Higienópolis
2, possuindo lotes de 700m² a 1000 m². Na primeira etapa, a dos altos de
Santa Cecília, vias foram criadas e receberam os nomes de 3 senhoras
integrantes da aristocracia local, proprietárias de extensa áreas na região,
todas filhas de abastados barões: Maria Angélica de Sousa Queirós,
filha do barão de Sousa Queirós (Avenida Angélica), Maria
Antônia da Silva Ramos, filha do barão de Antonina (Rua Maria Antônia) e Veridiana da Silva Prado,
filha do barão de Iguape (Rua Dona
Veridiana).
"A
Avenida Higienópolis, com alguns palacetes belíssimos e muitas casas bonitas,
ricos jardins e arranjos de terreno que eliminam toda a monotonia da cidade,
pode competir vitoriosamente com as mais belas ruas modernas das cidades
europeias, com a vantagem que, nos jardins, há uma flora quase tropical, a
alegria das corolas multicolores, plantas de folhagens régias e variedade de
vivos vegetais de toda espécie. Outras novas e amplas ruas se entrelaçam,
contornadas sempre de casinhas de um a dois andares, edificações ocultas
entre os ramos e as flores, alegres habitações de luzes e de cores que
irradiam uma aura de doçura e de simplicidade".
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Ernesto Bertarelli, artista italiano e
colaborador do jornal O Estado de S. Paulo, em
1913.
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E
logo a área foi ocupada pela aristocracia do café, fazendeiros, empresários,
comerciantes, anglo-saxões e profissionais liberais; que erguiam seus palacetes,
os mais elegantes da cidade. Muitos deles anteriormente moravam nos Campos Elíseos,
primeiro bairro nobre paulistano.
Dentre
os membros da elite destacam-se: As famílias Sousa Queirós, Prado, Alves Lima,
Silva Telles, Toledo Piza, Pacheco e Silva, Paes de Barros, Barros Brotero,
Amaral Souza, Lucas Garcia Borges, o conde Antônio Álvares Leite Penteado, o
cafeicultor Carlos Leôncio de Magalhães,
a família do presidente Rodrigues Alves, o
presidente Fernando Henrique Cardoso,
o empresário e comendador Franz Müller, o delegado Arthur Rudge da Silva Ramos,
o jurista e político Jorge Americano, os
ex-prefeitos da cidade: o urbanista e engenheiro Francisco Prestes Maia e o
empresário, banqueiro e engenheiro Olavo Egydio Setúbal, o
aristocrata e cafeicultor José de Queirós Aranha, a
pintora modernista Tarsila do Amaral, a
pianista Guiomar Novais, o
jornalista Júlio Mesquita, o médico e
ex-governador do estado Ademar de Barros, o médico
Geraldo Vicente de Azevedo, e, dentre outros, Dom Luís Gastão de Orléans e
Bragança, príncipe imperial do Brasil.
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